terça-feira, 14 de abril de 2015

Sobre a questão Ricciardo

Por: Padua*


Não está fácil para o sorrisão em 2015
Uma das perguntas que não querem calar neste começo de ano é a seguinte: Que cargas d'água está acontecendo com Daniel Ricciardo?

Em tempo: Esse post vai sair depois do GP da China. Se pretendo fazer um post da corrida? Provavelmente, não. Achei a corrida divertida, mas não a ponto de me empolgar para escrever sobre ela na íntegra. Então, ficam minhas rápidas considerações aqui: Bela vitória de Hamilton, bom ver Vettel novamente no pódio e primeira corrida sem problemas de Raikkonen. Cabô.

Sem mais delongas, vamos nos debruçar sobre a questão Ricciardo.

O que está havendo com o pequeno canguru? Começou 2015 de uma forma muito apagada e fez mais uma corrida com requintes de crueldade em relação ao seu desempenho exemplar no ano passado. Para variar, fez mais uma corrida esquisita no GP da China.

Na largada, deu uma de Mark Webber em seus piores dias. Durante a corrida, perdi a conta de quantas vezes Ricardão errou pontos de frenagem e passou reto com pista sobrando. Para completar, levou constantes bailes de Marcus Ericsson (!), da Sauber nas disputas de posição, chegando a sofrer várias retomadas em X do sueco. Ainda conseguiu terminar à frente de Marcus, mas não conseguiu passar despercebido.

Estamos diante de um irreconhecível Daniel Ricciardo, essa que é a verdade.

O australiano fez uma belíssima temporada em 2014, mostrando a maturidade que normalmente um piloto muito experiente deveria mostrar e batendo sistematicamente então tetracampeão Sebastian Vettel. Teve um ano semelhante ao que Max Verstappen está tendo agora.

Ricciardo impressionou também pela latência. Não foi à toa. Daniel era, na verdade, um novato no clubinho da fantasia das equipes grandes na Fórmula 1. Os prognósticos eram os de que ele seria engolido por Vettel, que tinha acabado de conquistar seu quarto título com pomposas comemorações. Eu também apostava nisso. Mas o que se viu foi o completo oposto: Ricciardo não tomou conhecimento do companheiro tetracampeão.

Agora, vemos um Ricardão que, se estiver sorrindo, deve ter uma psiquê que atingiu proporções divinas.

Existem dois motivos possíveis para explicar essa queda de rendimento: 

O primeiro e mais óbvio, é que a Red Bull passa por uma crise sistêmica, sobretudo com sua fornecedora de motores, a Renault. Só no GP da China a fabricante francesa teve DUAS unidades de potência abrindo o bico - a de Daniil Kvyat - companheiro de Ricciardo - e a de Max Verstappen, da Toro Rosso. O clima entre o time de Dietrich Mateschitz está tão ruim que já chegaram ao nível de lavar roupa suja em público - já houve até nego chamando Adrian Newey de mentiroso. Obviamente, os dois pilotos viram vítimas no meio do tiroteio. Não há o que fazer diante disso. É um problema da equipe, não do piloto. Para piorar, Ricardão está tendo que lidar com os problemas do próprio chassi RB11, que não é essa coca-cola toda - o que até combina com o fato de ser um carro produzido por uma equipe de energéticos.

O segundo, mais complexo e que é fruto de uma reflexão sobre a carreira de Ricciardo, pode elucidar melhor essa situação: Daniel Ricciardo é experiente, mas ainda é seu segundo ano numa equipe grande e carrega consigo a responsabilidade de liderar a Red Bull na pista. 

E apesar da relativa experiência, Ricciardo é novo e não está 100% lapidado. Com Vettel na equipe, ele tinha um norte para guiar sua aprendizagem e ganho de experiência. Sem o alemão, Ricardão não apenas não tem essa referência - ao contrário, tem um companheiro inexperiente e combativo-, como também carrega as missões de 1. liderar o time e 2. regular o ímpeto do jovem Kvyat - os dois se bicaram na corrida de hoje, lembrem-se. E Kvyat passa pelo momento que ele mesmo passou em relação a Vettel no ano passado: Um piloto jovem e inexperiente em sua primeira temporada numa grande equipe.

Assim, minha conclusão é que Ricciardo está tendo que lidar não só com as mazelas da Red Bull, mas também está tendo que enfrentar seus próprios demônios.

O mais interessante é que esse fator de 2015 elucida uma coisa que eu disse uma vez num texto meu: 2014 foi um campeonato completamente ATÍPICO e a temporada seguinte viria para regularizar essas coisas. Vettel está sendo melhor que Ricciardo, Massa está melhor que Bottas e Raikkonen está sendo o piloto rápido e combativo que sempre foi, devendo pouquíssimo ou nada para Alonso. - reparem que as comparações estão sendo com pilotos que foram companheiros de equipe uns dos outros em 2014.

As coisas estão normalizando na "hierarquia" de pilotos na Fórmula 1, neste ano.

O caso de Ricciardo parece estar nessas, também.

E, pelo visto, o sorrisão vai demorar um pouco para aparecer em sua plenitude na Fórmula 1 novamente.

*Leia o texto original clicando aqui.




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