Foi
circunstancial, teve sorte, não é tão bom piloto assim, o carro foi muito bem
nascido, só vence com foguete, levou surra do Ricciardo em 2014, a Ferrari
consome menos os pneus.
Muitas
coisas foram ditas a respeito da primeira vitória do Sebastian Vettel na
Ferrari. Estas frases acima, separadas por vírgulas, são algumas delas, vindas
principalmente de seus detratores.
Em
outras palavras: o alemão não só voltou de seu próprio jejum de 21 corridas sem
estar no lugar mais alto do pódio, como também levou a Ferrari a uma vitória de
caráter inédito (pelo fato de ter quebrado um jejum de 2 anos) com aquela que
talvez tenha sido a melhor performance de sua carreira, pilotando cirurgicamente
o tempo todo e passando as duas Mercedes na pista, entre as voltas 19 e 24 do
GP da Malásia.
Mas
não foi suficiente.
E
temo que nunca chegue a ser.
Porque
Vettel, no final das contas, cometeu dois graves erros: Um foi o de ter se
tornado um grande piloto e ter sempre dado o melhor de si sem reservas e,
aliado a esse fato, ter tido um grande conjunto à disposição. Cometeu o erro de
minar a competição em dois anos de pura dominância de seu talento, aliado ao
carro da Red Bull.
Levou
a alcunha de “atual campeão” e o número 1 por cinco anos consecutivos. Mais que
isso, só Michael Schumacher conseguiu, entre 2000 e 2005. Venceu dois
campeonatos de forma aguerrida (quem não lembra da épica decisão do GP do
Brasil de 2012?) e outros dois de forma cirúrgica, dispondo do melhor
equipamento possível.
Mas
sempre será lembrado como o piloto que ganhou quando tinha o melhor carro nas
mãos, mesmo que por não raras ocasiões não tenha tido.
“Tio,
mas e o erro de número 2?”
Pois
é. Eu não gostaria de ter que falar disso, mas creio ser uma verdade
fundamental na compreensão deste problema.
O
erro de número 2 foi: Sair da Red Bull em crise e ir para a Ferrari.
Porque
claro, se sua equipe está em crise, é “imoral” você “abandoná-la”, ainda mais
quando o lugar para onde você vai depois de sair de lá parece um barco ainda
mais furado.
Por
isso, ninguém levava fé em um sucesso da parceria entre Vettel e Ferrari e o
alemão continuava sendo o alvo favorito das chacotas em 2014. Eu mesmo estava
cético até determinado momento.
Mas
o tempo e o destino provaram que o tedesco estava certo: Trocar a escuderia dos
energéticos pela do Cavalinho Rampante foi mesmo a melhor escolha de futuro
profissional – ao menos entre as disponíveis no mercado, tendo em vista que a
poderosa Mercedes estava cheia.
Livrou-se
da encrenca chamada Daniel Ricciardo, um osso duro de roer para qualquer
piloto;
Eximiu-se
de ficar no meio do tiroteio que aconteceu agora no começo do ano entre sua
antiga equipe e sua fornecedora de motores;
Conseguiu
um carro bem melhor, assinado pelo ótimo James Allison, e um motor bem mais
potente que o fraco Renault;
Entrou
junto a novas figuras na administração esportiva e na direção técnica, muito
mais confiáveis e que deixaram o ambiente na equipe muito mais saudável, sem
falar na ótima companhia de seu colega e amigo Kimi Raikkonen.
E
essa foi a razão do erro de número 2: Ter dado tão certo.
Ao
invés de cair na graça do torcedor, Vettel é novamente hostilizado como, além
de um cara que só vence com carros bons, ainda abandona o barco quando tudo vai
mal.
O
fato, porém, é que Vettel fez bem para si mesmo e para a Ferrari.
Saiu
de uma equipe que inevitavelmente passaria por uma crise gigantesca junto à
Renault e na qual teria uma concorrência pesada.
Foi
para uma equipe com mais vistas para um melhor futuro profissional e uma
concorrência que, embora ainda fosse pesada, não lhe era tão hostil. Venceu e
convenceu aos tifósi, que hoje, em maioria, estão caídos a seus pés.
Sem
falar que Kimi Raikkonen não é qualquer zé-ninguém. É campeão do mundo de 2007
e seus 110 pontos naquela temporada certamente não foram conquistados no
momento em que Massa lhe cedeu a posição em Interlagos naquele ano.
Vettel
fez o que qualquer piloto inteligente faria numa situação de risco.
E
paga o preço pela ousadia.
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