quinta-feira, 2 de abril de 2015

Os erros de Sebastian Vettel

Por: Padua





Foi circunstancial, teve sorte, não é tão bom piloto assim, o carro foi muito bem nascido, só vence com foguete, levou surra do Ricciardo em 2014, a Ferrari consome menos os pneus.

Muitas coisas foram ditas a respeito da primeira vitória do Sebastian Vettel na Ferrari. Estas frases acima, separadas por vírgulas, são algumas delas, vindas principalmente de seus detratores.

Em outras palavras: o alemão não só voltou de seu próprio jejum de 21 corridas sem estar no lugar mais alto do pódio, como também levou a Ferrari a uma vitória de caráter inédito (pelo fato de ter quebrado um jejum de 2 anos) com aquela que talvez tenha sido a melhor performance de sua carreira, pilotando cirurgicamente o tempo todo e passando as duas Mercedes na pista, entre as voltas 19 e 24 do GP da Malásia.

Mas não foi suficiente.

E temo que nunca chegue a ser.

Porque Vettel, no final das contas, cometeu dois graves erros: Um foi o de ter se tornado um grande piloto e ter sempre dado o melhor de si sem reservas e, aliado a esse fato, ter tido um grande conjunto à disposição. Cometeu o erro de minar a competição em dois anos de pura dominância de seu talento, aliado ao carro da Red Bull.

Levou a alcunha de “atual campeão” e o número 1 por cinco anos consecutivos. Mais que isso, só Michael Schumacher conseguiu, entre 2000 e 2005. Venceu dois campeonatos de forma aguerrida (quem não lembra da épica decisão do GP do Brasil de 2012?) e outros dois de forma cirúrgica, dispondo do melhor equipamento possível.

Mas sempre será lembrado como o piloto que ganhou quando tinha o melhor carro nas mãos, mesmo que por não raras ocasiões não tenha tido.

“Tio, mas e o erro de número 2?”

Pois é. Eu não gostaria de ter que falar disso, mas creio ser uma verdade fundamental na compreensão deste problema.

O erro de número 2 foi: Sair da Red Bull em crise e ir para a Ferrari.

Porque claro, se sua equipe está em crise, é “imoral” você “abandoná-la”, ainda mais quando o lugar para onde você vai depois de sair de lá parece um barco ainda mais furado.

Por isso, ninguém levava fé em um sucesso da parceria entre Vettel e Ferrari e o alemão continuava sendo o alvo favorito das chacotas em 2014. Eu mesmo estava cético até determinado momento.

Mas o tempo e o destino provaram que o tedesco estava certo: Trocar a escuderia dos energéticos pela do Cavalinho Rampante foi mesmo a melhor escolha de futuro profissional – ao menos entre as disponíveis no mercado, tendo em vista que a poderosa Mercedes estava cheia.

Livrou-se da encrenca chamada Daniel Ricciardo, um osso duro de roer para qualquer piloto;

Eximiu-se de ficar no meio do tiroteio que aconteceu agora no começo do ano entre sua antiga equipe e sua fornecedora de motores;

Conseguiu um carro bem melhor, assinado pelo ótimo James Allison, e um motor bem mais potente que o fraco Renault;

Entrou junto a novas figuras na administração esportiva e na direção técnica, muito mais confiáveis e que deixaram o ambiente na equipe muito mais saudável, sem falar na ótima companhia de seu colega e amigo Kimi Raikkonen.

E essa foi a razão do erro de número 2: Ter dado tão certo.

Ao invés de cair na graça do torcedor, Vettel é novamente hostilizado como, além de um cara que só vence com carros bons, ainda abandona o barco quando tudo vai mal.

O fato, porém, é que Vettel fez bem para si mesmo e para a Ferrari.

Saiu de uma equipe que inevitavelmente passaria por uma crise gigantesca junto à Renault e na qual teria uma concorrência pesada.

Foi para uma equipe com mais vistas para um melhor futuro profissional e uma concorrência que, embora ainda fosse pesada, não lhe era tão hostil. Venceu e convenceu aos tifósi, que hoje, em maioria, estão caídos a seus pés.

Sem falar que Kimi Raikkonen não é qualquer zé-ninguém. É campeão do mundo de 2007 e seus 110 pontos naquela temporada certamente não foram conquistados no momento em que Massa lhe cedeu a posição em Interlagos naquele ano.

Vettel fez o que qualquer piloto inteligente faria numa situação de risco.

E paga o preço pela ousadia.


 

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